Teresa surgiu de um “acidente”. A mãe, Inês, não estava à espera de
engravidar e sempre sentiu que havia algo de errado com a filha, apesar
da obstetra lhe garantir que estava tudo bem. Descobriram-no nos
primeiros meses de vida, quando o pediatra achou estranho que Teresa
tivesse sempre os olhos a lacrimejar e que no corpo lhe tivessem
aparecido algumas pintas. Pouco tempo depois surgiu o diagnóstico:
Teresa tinha Xerodermia Pigmentosa e não poderia apanhar qualquer luz do
sol, sob risco de vir a desenvolver cancro.
Teresa, apesar de ter consciência de que é uma criança diferente, nunca
mostrou revolta ou tristeza. No seu quarto de conto de fadas, Inês
conta-lhe histórias de reinos distantes e de outros mundos imaginados
que ajudem a filha a proteger-se da realidade. Chama-lhe,
carinhosamente, a “princesa da noite”. Teresa não vai à escola, mas é
muito esperta e
curiosa em relação ao mundo que a rodeia – e ao qual ela não pode
aceder. Aprendeu a ler quase sozinha e faz muitas perguntas sobre tudo.
Perspicaz, expressa volta e meia conclusões que deixam todos atónitos.
Percebe-se que conhece muito bem os irmãos e acaba por ser uma grande
ajuda para Maria, dando-lhe conselhos preciosos sobre o dia-adia naquela
casa.
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