domingo, 26 de fevereiro de 2017

AVÓ MIQUINHAS (Catarina Avelar)


Miquelina, a quem todos chamavam de Miquinhas, tinha alma de artista e, ainda na adolescência, começa a conviver com artistas da Revista à Portuguesa. A mãe preparava-a para ser uma mulher prendada, e ter um bom casamento, mas o que Miquinhas queria mesmo era cantar e dançar nos palcos do Parque Mayer. Um dia o pai descobre os seus interesses e manda-a para um lar de freiras, no Norte. Miquinhas detestou a experiência e acaba por fugir com o carteiro, um jovem comunista que mais tarde é preso pela PIDE. Nessa altura Miquinhas vai bater à porta do Teatro Mayer, onde não tem lugar como artista, mas é aceite como costureira. Viaja com os artistas nas suas digressões e faz de tudo um pouco. A sua vida deu muitas voltas. Foi cabeleireira e costureira mas aos 60 anos acabou por ficar sozinha e sem ocupação, e começa a sofrer de solidão. Miquinhas resolve inscrever-se num programa de combate ao isolamento da terceira idade – é quando lhe aparece Maria no caminho. Miquinhas simpatiza imediatamente com ela e Maria revela-se uma ótima companhia. Em troca do quarto, Maria ajuda Miquinhas nas limpezas e na preparação das refeições.

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